sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

“TEXTO PARA REFEXÃO SOBRE NOSSO PAPEL COMO PAIS”

O texto a seguir, propõe reflexão e também o marco inicial de uma nova etapa de parceria que nos aguarda neste ano de 2010.
Uma criança ao nascer está muito mais perto da natureza do que da cultura, das reações instintivas e reflexos, do que da vida em grupo, este formado por leis e regras.
O contato e a relação com os pais é que vai ensinar esta criança a se tornar uma pessoa.
Isto é feito através da passagem de valores, de virtudes, do respeito ao próximo e da valorização da vida.
O papel de “primeiros educadores”, são dos pais, não tem sido fácil nos tempos atuais, porque têm se confundido os limites que separam o que é autoridade e autoritarismo.
Por querer ser companheiros dos filhos, os pais se esbarram na cumplicidade, esperam que seus filhos tenham autonomia, mas vivem protegendo em demasia, querem que se socializem, mas os mantêm em redomas, numa vida solitária, por desejarem viver em harmonia, evitam o controle para não criarem conflitos.
Na ânsia de ser bons pais, em nome do ideal de perfeição, os pais têm cometido muitos erros.
Devem sim fazer escolhas para os filhos enquanto eles não tiverem condições de serem autônomos.
Tem sim que se fazer respeitar e obedecer, são estes os princípios básicos para a construção do auto controle e mais tarde mandar em si mesmo.
Aos pais cabe acompanhar e apoiar com afeto, carinho e firmeza seus filhos, se alguém tem que se impor, este alguém é o pai, mãe ou responsável.
È fora de casa que dão seus primeiros passos a caminho da sua autonomia, sem a presença dos pais. No desempenho do seu papel, é preciso que cada um dos pais preste bastante atenção no filho, à integração bem próxima “olho no olho”, e não ter medo de agir ou atuar quando necessário.
O adolescente tem que ser respeitado e preparado para a vida, independente de suas dificuldades e limitações para viverem sem os pais, porém não podem ser considerados adultos e não devem ignorar a orientação dos pais.
Pais e orientadores (educadores), não devem mimar, super proteger e deixar de mostrar as conseqüências de ações irresponsáveis, pois isso atrapalha o futuro do adolescente e não contribui positivamente na sua personalidade.
Não há proteção alguma que o livre de frustrações, de injustiças, preconceitos e outros, porem se os pais estiverem por perto, mostrando-se interessados e companheiros, certamente o processo de amadurecimento e fortalecimento ocorrerá e se farão pessoas com personalidade, bem formados e preparados para enfrentar os bons e maus momentos da vida...
Por tudo isso o sucesso de seu filho depende muito de você! Ajude-o a ser pontual em tudo, oriente-o para que não esqueça e cuide bem de seus materiais. Procure saber das novidades que aprendeu. Seus trabalhos são de grande importância para eles. Não os critique! Nunca os compare, nem fale que seus irmãos, primos ou amigos são mais inteligentes que eles. Oriente-os sempre com carinho e paciência. Mostre interesse em tudo que ele te falar.
Ajude-o a ser um ser humano exemplar.”

Texto escrito por Magali Lucas Carvalho- diretora e mãe de atendido pela entidade.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dica...


Essa semana recomendo uma leitura muito especial que fiz nas férias, um texto lindo, sincero e motivante para quem trabalha com esses jovens de mentes inquietas, ou para os que vivem a experiência de ter um filho adolescente. Compartilho aqui o texto que me fez pensar nas diversas e inúmeras formas de educar alem de despertar meu interesse nesta leitura : "O Clube do Filme, de David Gilmour ".

Educar pelo cinema
por Contardo Calligaris
Quase sempre, na vida de um adolescente, não basta preparar-se para o futuro; ele quer viverQuando chega uma convocação da orientação pedagógica do colégio de seus filhos, alguns pais já sabem que escutarão queixas: o garoto não estuda e não presta atenção, anda com uma gangue, dever de casa nem se fala etc.Para mim, a queixa mais alarmante é a que diz que nosso filho é legal, mas não se interessa por nada -não só por nada do que a escola lhe propõe: nenhum esporte, nenhuma atividade extracurricular, nenhum hobby, nada.É um tranco que muitos pais atravessam do jeito que dá: desde as punições (cortar mesada, computador, saídas) até as tentativas desesperadas de envolver o rebento nas atividades dos adultos. "Ele vai jogar bola comigo", "Por caro que seja, se formos para o Quênia, ele vai se interessar, ao menos, pela vida dos elefantes. E pode querer ser veterinário", "E se comprássemos um cachorro do qual só ele se ocuparia?", "E se ele trabalhar na ONG daquela amiga que cuida de crianças de rua?", "Se ele encontrasse uma namorada, não seria o estímulo que lhe falta?".O fato é que quase sempre chega um momento, na existência de um adolescente, em que, de repente, preparar-se para o futuro não lhe basta. Ele não quer se preparar, quer viver. Só que não sabe bem o que seria "viver": o mundo, como dizia a mãe de Forrest Gump, é uma caixa com chocolates variados, mas, no caso, por não conhecer os gostos e os recheios, o jovem hesita e morre de fome.Os pais e os adolescentes que passam por essa situação não precisam se desesperar. O tempo cura muitos males, e a vida não é tão curta assim que um adolescente não possa "perder" alguns anos (tanto mais que nem sempre os ditos anos são propriamente perdidos).Enfim, pais e adolescentes, que estejam ou não em apuros, não percam o livro de David Gilmour, "O Clube do Filme", que acaba de ser traduzido pela Intrínseca e que é uma pequena joia de coragem e sinceridade.Gilmour conta como, confrontado com um filho de quinze anos que ele adorava, mas que não se interessava por nada, diante do espetáculo intolerável da aflição do garoto com as obrigações escolares, ele decidiu retirá-lo da escola. Mas nada de "Se você não quer estudar, tem que trabalhar; vagabundo não cabe nesta casa". Gilmour inventou uma educação alternativa: nenhuma obrigação, salvo a de não usar drogas (crucial) e a de compor, com o pai, o clube do filme, ou seja, assistir, três vezes por semana, a filmes que o pai escolheria e introduziria com breves comentários. Depois disso, a cada vez, pai e filho conversariam sobre o filme. O garoto, evidentemente, topou.Começaram assim vários anos em que pai e filho viveram uma relação que não era parasitada pela necessidade de forçar o garoto a estudar, mas não foi nenhum paraíso: o pai, que atravessava um tempo de fracasso profissional, não parava de questionar sua própria decisão (será que ele estava acabando com o futuro do filho, que, aos 16 anos, não sabia onde está a Flórida no mapa?), e o filho não tinha como não sofrer com a sensação de estar sem rumo na vida.A história acaba bem. Mas, cuidado, não é uma receita praticável, a não ser por quem tenha uma coragem de leão e, sobretudo, consiga amar seu filho mesmo que ele não corresponda aos sonhos dos pais (tipo de amor muito mais raro do que a gente imagina). Além disso, eu me perguntei se não teria sido possível instituir o clube do filme sem que o garoto saísse da escola (talvez não, talvez sim).De qualquer forma, terminei o livro com dois pensamentos.1) Há uma coisa que nossos filhos precisam conquistar, e que nunca vai ser uma matéria do programa: é o desejo de viver. Nessa tarefa decisiva, a ficção talvez seja o melhor recurso. E, das ficções, o cinema é a mais facilmente acessível.2) Os adolescentes devem se preparar para sua vida futura, mas, igual eles estão vivendo, agora. Às vezes, parecemos sacrificar radicalmente seu presente em troca de nossa própria (ilusória) tranquilidade quanto ao seu futuro.

Profissional Samatha Goeldi (Psicológa)

Aceitando a Deficiência

Muitas vezes em meu trabalho como fonoaudiologa me deparo com o sofrimento de mães, com o processo de aceitação de um filho que não é extamente o desejado durante a gravidez.
O texto abaixo foi retirado de um video feito por uma mãe de uma criança com Síndrome de Down:

Bem Vindo a Holanda
Emily Perl Kinsley, 1987
Freqüentemente, sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz a uma criança com deficiência - Uma tentativa de ajudar pessoas que não têm com quem compartilhar essa experiência única a entendê-la e imaginar como é vivenciá-la. Seria como... Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de férias - para a ITÁLIA! Você compra montes de guias e faz planos maravilhosos! O Coliseu. O Davi de Michelângelo. As gôndolas em Veneza. Você pode até aprender algumas frases em italiano. É tudo muito excitante.
Após meses de antecipação, finalmente chega o grande dia! Você arruma suas malas e embarca. Algumas horas depois você aterrissa. O comissário de bordo chega e diz:
- BEM VINDO À HOLANDA!
- Holanda!?! - Diz você. - O que quer dizer com Holanda!?!? Eu escolhi a Itália! Eu devia ter chegado à Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália!
Mas houve uma mudança de plano vôo. Eles aterrissaram na Holanda e é lá que você deve ficar.
A coisa mais importante é que eles não te levaram a um lugar horrível, desagradável, cheio de pestilência, fome e doença. É apenas um lugar diferente.
Logo, você deve sair e comprar novos guias. Deve aprender uma nova linguagem. E você irá encontrar todo um novo grupo de pessoas que nunca encontrou antes.
É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a Itália. Mas após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor, começar a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrants e Van Goghs.
Mas, todos que você conhece estão ocupados indo e vindo da Itália, estão sempre comentando sobre o tempo maravilhoso que passaram lá. E por toda sua vida você dirá: - Sim, era onde eu deveria estar. Era tudo o que eu havia planejado!.
E a dor que isso causa nunca, nunca irá embora. Porque a perda desse sonho é uma perda extremamente significativa.
Porém, se você passar a sua vida toda remoendo o fato de não ter chegado à Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito especiais sobre a Holanda.

Postado pela fonoaudiologa Helena Della Torre - Profissional da entidade