sexta-feira, 8 de outubro de 2010

UM TAPINHA EM CRIANÇA DÓI. E POR MUITO TEMPO.

Pesquisa Datafolha divulgada mostra que 74% dos homens e 69% das mulheres já apanharam dos pais e que 69% das mães e 44 % dos pais admitiram ter batido nos seus filhos. Isso explica o fato de 54 % dos entrevistados serem contra a lei proposta do governo federal que proíbe castigos físicos (socos, beliscões, empurrões, chineladas, entre outros) em crianças. Hoje o Estatuto da Criança e do Adolescente não especifica o que são maus tratos. Sei que muitos pais que amam seus filhos e são zelosos por sua educação acreditam que uma palmada em determinadas circunstâncias extremas pode ter um efeito simbólico poderoso na educação de uma criança. Muitas vezes, fazendo reportagem sobre direitos na infância, ouvi um complemento explicativo para isso que se repetia como um mantra: "apanhei quando pequeno e isso me mostrou limites, ajudou a formar o caráter que tenho agora".
A idéia é muito semelhante a trabalhei quando criança e isso formou meu caráter, portanto sou a favor de criança terque trabalhar para não ficar fazendo arruaça na rua".
Educar alguém não é fácil. Mas o ser humano evolui, a sociedade evolui, não precisamos permanecer com aquelas velhas práticas simplkesmente porque adoradas em nossa infância ou nainfância de nossos pais. Romper a inércia e difícil, mas fundamental.
Uma amiga me contou, que pela primeira vez, deu umas palmadas leves em seu filho dia desses, pois havia esgotado o repertório para deixar claro que ele estava extrapolando. Para sua surpresa - e tristeza - foi chamada na escolinha porque o filho, que normalmente é calmo, começou a bater em seus colegas.
Poderia citar casos de amigos de infância que apanharam muito e hoje são pessoas que não pensam duas vezes antes de ir para uma solução, digamos, mais robusta para os problemas. Mas isso significa que todo mundo que levou palmadas vai virar um serial killer? Claro que não. Dependendo da circuns^tância e do ambiente em que a criança está inserida, há consequencias sim para sua formação, que podem ser inesperadas. Fica a pergunta: qual o exemplo de respeito ao diálogo, à tolerância, ao entendimento e a soluções não violentas estamos dando com uso desses métodos? Será que realmente não havia outra saída ou não conheciamos outra alternativa? O quanto estamos sendo nossos pais e os pais deles e nãonós mesmos nesse momento?
Bem, ninguém disse que educar alguém era fácil ou que a que a tarefa dará certo muitas vezes. Mas podemos optar por um caminho de paz ou de porrada. Este último pode ser até mais simples, mas o outro tende a ser mais alegre e saudável.
Extraído do blog do Sakamoto (Jornalista e Doutor em Ciência Política)
Texto postado por Samantha Goeldi - Psicóloga da AAMEEP

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