terça-feira, 8 de junho de 2010

A FELICIDADE AO ALCANCE DE TODOS, NA FARMÁCIA MAIS PRÓXIMA


Os antidepressivos ultrapassaram a barreira das doenças nervosas e são usados não apenas em casos de distúrbios psicológicos, mas também para atacar enxaquecas, dores crônicas e reumáticas, bulimias, anorexias, ou seja, passaram a se constituir numa saída para tudo que aflija, de alguma maneira, o ser humano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que todos os médicos, qualquer especialidade, já tenha receitado, em alguma situação, antidepressivos.

Esse exagero na prescrição está assustando médicos, especialistas, organismos de saúde pública. Boa parte das vezes a receita sai por pressão do paciente, para uso com outros fins, como em regimes de emagrecimento. Outras vezes, porém , é indicado para encurtar tratamentos psicoterapêuticos que seriam longos sem a ajuda de um suporte químico.

A função dos antidepressivos é normalizar o fluxo de neurotransmissores, as moléculas que conduzem os impulsos nervosos e que produzem alguma alteração de humor, têm como substrato químico um distúrbio desse fluxo. Portanto, fora desse diagnóstico eles são muito pouco recomendados.

A comunidade médica alerta que os antidepressivos não devem ser usados indiscriminadamente e nem por tempo prolongado. Sem psicoterapia, a medicação é imprevisível, ou seja, não se sabe exatamente o que os remédios podem causar.

É preciso procurar um psiquiatra para fazer um diagnóstico e jamais tomar os antidepressivos sem orientações e, principalmente, sem o acompanhamento de psicoterapia.

O desejo de uma cura imediata, milagrosa, mágica, esta fazendo com que as pessoas optem por engolir pílulas, sem pensar em suas consequência e danos ao corpo.

Essas drogas devem ser entendidas como coadjuvantes, sendo apenas uma parte do tratamento.

A análise dos sintomas é necessária para encontrar o significado da doença e, a partir daí, intervir nas causas psicológicas do problema. Se o tratamento se restringir a remédios, o alívio é apenas nos sintomas. Uma visão restrita a esse ponto transforma o antidepressivo num mero anestésico emocional.

A ordem de nosso tempo é ser feliz . A felicidade não é algo desejável, mas imperioso. Somos todos encobertos pela cultura que nos manda gozar a vida o tanto quanto pudermos. Aliás , o século XX foi o século da felicidade: ela estava ao alcance de todos, mediante o esforço de cada um. As mensagens não deixam duvidas: aprecie, divirta-se, curta, aproveite, não perca. Tanto que crianças passam a ser criados com o objetivo de serem felizes. Quem não é feliz, é porque fracassou.

A felicidade é convocada a servir de tampão aqui, como justificativa básica da existência. A vida é apenas para ser feliz, ponto final. Ora, cuidado: o que é, exatamente, ser feliz? Quer dizer que a vida de uma pessoa miserável não tem sentido?

A felicidade é pura artificialmente sem que se encontrem significados para ela e para a própria existência.
Fonte: Revista de Psiquiatria 09/2008
Psicofarmacologia de antidepressivos
Baseado na publicação de Ricardo A. S. Moreno, Dr. em Psiquiatria
Dados OMS de 2010
Postado por Samantha Goeldi - Psicológa da AAMEEP

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