sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Envelhecer


A Organização Mundial da Saúde classifica cronologicamente como idosa a pessoa com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento.
Conforme o IBGE, hoje no Brasil, os idosos são 14,5 milhões de pessoas sendo 8,6 da população total do país.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, que ocorre devido ao avanço no campo da saúde e a redução na taxa de natalidade.
A população brasileira vive hoje em média 68 anos, dois anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos deva chegar a 30 milhões de pessoas, 13% do total, sendo 70 anos a perspectiva de vida.
Ao nos deparar com nosso próprio envelhecer tomamos consciência de nossa finitude.
O que significa envelhecer?
Biologicamente, as mudanças corporais são visíveis (cabelos, pele, ossos, etc).
No que diz respeito aos processos psíquicos, observamos que há uma crise sendo vivenciada.
Bianchi (1993), diz que o aparelho psíquico foi concebido como aquele que tem, entre outras funções a de criar sentido para a vida, manter a continuidade desse sentido criando também interesse e prazer na vida do ser humano. Tais requisitos só podem ser conseguidos na atividade relacional e mais, se tiver sentido. Segundo Bianchi, o envelhecimento psíquico se dá por fenômenos psicoenergéticos ligados à ausência de estímulos, de interesses, de trocas, de circulação libidinal.
Nossa sociedade exclui o velho, não lhe atribui funções, nem os ajuda a tornar sua vida mais significativa. Além disso, diminui cada vez mais as possibilidades de troca relacional, já que os amigos e cônjuges vão morrendo, os filhos vão embora para suas vidas e o trabalho é substituído pela aposentadoria. Esse quadro pode ser o pano de fundo para atitudes regressivas, idealização do passado e da infância, sentimento de frustração e perda das faculdades de sublimação.
O idoso é aquele que não se crê mais imortal e para quem a morte não é mais distante e sim próxima e real. Quando adolescentes somos “deuses”, podemos tudo, nenhum mal nos acontece mas, na velhice a prova da realidade se impõe e a morte se avizinha lançando uma crise em qualquer espírito por mais forte que esteja.
Segundo a psicologia social o que pensamos sobre a realidade é sempre uma construção mental subjetiva influenciada pela construção de uma representação dessa mesma realidade feita pela cultura em que o indivíduo vive.
A partir disso, questiono as representações negativas a cerca do idoso, como por exemplo: “são mal-humorados, prepotentes, desesperançados, melancólicos e por aí vai.
Ter conhecimento dessas representações podem nos ajudar a levar em conta a singularidade de cada indivíduo, ou seja, no processo de envelhecimento está inserida a história de vida de cada um, suas experiências nos relacionamentos e suas relações infantis. Essas peculiaridades contribuem para a existência de diferentes nuanças e intensidades de velhices que dependem do meio cultural, da realidade social e da estrutura psíquica de cada sujeito.


Referências Bibliográficas:
Bianchi, H (1993). O eu e o tempo. São Paulo, Ed. Casa do Psicólogo.
Site: www.ibge.gov.br/.


Postado pela Psicológa da instituição, Mari Santos .

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