terça-feira, 18 de agosto de 2009

Inclusão escolar: “uma faca de dois gumes”


Conversando com algumas mães que freqüentam a AAMEEP, percebi uma certa tristeza ao se lembrarem de que seus filhos um dia freqüentaram uma sala especial, dentro da própria instituição de ensino. Hoje todas as crianças se enquadram no novo formato da inclusão social, as salas especiais foram extintas e todos são tratados igualmente, mas será que este novo formato de aprendizagem funciona mesmo?
Nosso histórico educacional brasileiro nos revela uma grande, ou não, evolução: Antes do século XX, não freqüentavam as escolas: mulheres, negros, pobres e deficientes físicos e mentais. Assustador não é?
Já no século XX, surgiram as primeiras escolas especiais, ou seja, todos aqueles excluídos começaram a freqüentar escolas específicas.
Na década de 70, sustenta-se a integração, escolas “normais”, começam a admitir alunos “especiais”, porém só dependia do aluno adaptar-se ou não ao método de ensino, o que raramente acontecia.
Finalmente chegamos aos anos 90 com algumas evoluções positivas na educação, então passamos a ouvir sobre a “tal” inclusão social, em relação a inclusão escolar a nova LDB (Lei de diretrizes e base da educação nacional) lei 9394/96, começou a dar relevância e um sentido mais significativo para a inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais, baseada na constituição de 1988.
Pois bem, já que há uma transformação positiva, por que é que, profissionais, pais e alunos ainda estão descontentes com o resultado?
A instituição de ensino enfrenta alguns problemas que ainda atrapalham este novo formato de aprendizagem, salas superlotadas, professores despreparados e desmotivados, muitas vezes a culpa não está só na escola, desinteresse dos pais também faz parte do fracasso da inclusão escolar. Precisamos de uma reforma geral no ensino brasileiro, como: redefinir toda estrutura organizacional, rever as grades curriculares, exigir e apoiar que os profissionais da educação se atualizem de forma que possam receber estas crianças de forma digna em sala de aula e uma proposta pedagógica onde a interação escola-família seja o principal objetivo.
O ensino inclusivo respeita as deficiências e diferenças, porém está em fase de adaptação, assim queremos acreditar.
Porém, não devemos desistir nem desanimar, as crianças com necessidades educativas especiais, precisam se sentir sempre amparadas pelos pais. Uma dica muito importante é sempre manter a auto-estima da criança elevada, questione como foi seu dia e quais atividades fez na escola, elogie sempre qualquer ato positivo e nunca, nunca, nunca utilize expressões do tipo: “está tudo errado”, “que feio”, “você não sabe isso?”, não subestime a capacidade da criança, deixe que ela tente fazer tudo o que tiver vontade, com responsabilidade é claro, não a repreenda dizendo “pare com isso, você não consegue”, deixe que ela descubra a melhor forma de executar certas tarefas e procure sempre profissionais que possam auxiliar esta criança paralelamente.


Bruna Ramos
Psicopedagoga·

Nenhum comentário:

Postar um comentário